Em longa noite de miséria e dor rebolca-se, ainda, grande parcela da humanidade, nas enganosas vias criadas pelas enegrecidas consciências intranqüilas e distantes da Luz… Milhares de criaturas, vivendo por viver, gemem e lastimam-se frente ao sorvedouro imenso e profundo que se lhes abre ante o olhar atônito…, sem a necessária fortaleza íntima que lhes possibilitaria romper os grilhões que as retêm, asselvajadas umas, entorpecidas outras, nos limites da inconsciência acerca de si mesmas.
Centenas de indivíduos sorvem, nas taças transbordantes de veneno travestido em prazer, a loucura, a insensatez, o despudor, dando largas ao primitivismo, efetivando indescritíveis cenas de violência e barbárie, semeando danos morais sem conta, promovendo a derrocada de si mesmos, autocondenando-se a incontáveis experiências expiatórias, provacionais e reparadoras.
Imensa quantidade de seres humanos, descomprometidos consigo e com Deus, atoleimados e recalcitrantes, resvalam sucessivas vezes nos desvãos da ignorância e da torpeza, desde remotíssimos tempos que adormeceram no suceder das eras, ora terçando armas entre si, ora protagonizando crimes sem precedentes, decretando inconcebíveis morticínios contra populações indefesas, concebendo requintes de crueldade que fariam tremer as próprias feras…
Outros tantos, ainda trazendo um expressivo saldo negativo em relação às duas Grandes Guerras que horrorizaram o mundo, prosseguem semeando a destruição e a miséria em várias regiões do Planeta, vinculados aos belicosos combates e atentados impiedosos, promotores de lutas cruentas, A guerra e a paz fomentando a indústria da fome, da dor, da enfermidade e de toda sorte de flagelos que infelicitam os que se lhes tornam vítimas.
A Grande Luz, todavia, há dois milênios permanece acesa no coração da Terra sofredora, qual avançada sentinela norteando o sendal do viandante que lhe busque a confortadora e benfazeja claridade. Ele, que desceu das sidéreas amplidões de paz, com a tarefa de reconduzir-nos ao aprisco seguro, não cessará jamais de laborar, mesmo que O neguemos sistematicamente ou que tardemos em reconhecer-Lhe a missão… adiando indefinidamente a nossa hora.
Aos nossos olhos toldados pelo véu espesso do retardo evolutivo que nos qualifica, a Sua trajetória teve início na manjedoura e findou no madeiro sacrificial… Tendo presidido, porém, a própria formação da Terra, Jesus, condutor e guia de todos os espíritos vinculados ao Orbe, nos conhece há mais tempo do que possa supor a nossa imaginação restrita às coisas tangíveis e finitas.
Do Senhor dos Mundos recebeu a incumbência de governar o Planeta que nos acolhe, conduzindo-o para o alto, rumo às infinitas paragens do Reino da Luz, e o fará, não obstante a nossa miséria e desvalor. O Cristo, segunda revelação de Deus à humanidade terrestre, aguarda por cada um de nós! Busquê-mo-Lo, antes que se torne demasiado tarde…, uma vez que já trazemos repleto nosso cálice de amarguras.
Sigamos-Lhe a diretriz, cuja excelência ainda não conseguimos vislumbrar de todo, os que acalentamos a esperança de reconstruir nosso caminho, esfacelado pelos rudes procedimentos que livremente adotamos.
Neste Natal, em que novamente a multidão ruidosa e equivocada Lhe comemora o nascimento entre pastores e animais, evocando o bucólico e enternecedor cenário da natureza despida de pompas, festejando, porém, em paradoxais, luxuosos e desnecessários cometimentos, façamos um balanço do que tem sido a vida na Terra, até então, e optemos definitivamente por Ele…
Abandonemos a postura artificial que nos retarda o passo, larguemos, ao longo do caminho, nossa velha indumentária desbotada e rota, olvidemos os atavismos de truculência e de vingança, de despautérios e incoerências seculares, deixemos para trás a herança triste do orgulho, da vaidade, da ganância e da sede de poder a qualquer preço…
Busquê-mo-Lo!..
Alcemo-nos com Ele rumo às Esferas Superiores…
Conquistemos, palmo a palmo, a nós mesmos e teremos ganho a maior batalha que se pode travar ao longo da nossa existência de espíritos imortais…
Eis que soa a nossa hora!…
(Mensagem pscografada por Lucimar Mantovani Laidens – por ocasião do Natal, no ano em que os Estados Unidos invadiu o Iraque – Centro Espírita de Caridade dias da Cruz – Passo Fundo-RS)