Quando, no seu pontificado, o papa João Paulo II surpreendeu o mundo com coragem de pedir perdão a todos pelos gravíssimos erros cometidos por alguns membros da Igreja no passado, reconheceu as conquistas da ciência, da tecnologia e a intolerância que era peculiar aos mesmos, assim como os danos causados à sociedade, e não trepidou em constatar a fragilidade humana de muitos dos seus antecessores e dos tribunais que ergueram contra a cultura, a liberdade, e rogou perdão.
Vivemos um momento que se caracteriza pelo numero expressivo de mulheres e homens psicologicamente vazios de sentimentos e destituídos de valores éticos-morais.
Em consequência, avolumam-se os transtornos de toda espécie, que devoram e ameaçam as estruturas da cultura e da civilização. O monstro da guerra conquistas adeptos em quase toda parte, e multiplicam-se os estopins que a facultam.
O ser humano tem tentado avançar moralmente, mas tropeça nas dificuldades que tem criado através dos tempos, e busca sempre transferir a culpa do seu fracasso aos outros.
Psicologicamente essas culpas são com frequência dos genitores que os puseram no mundo, outras vezes são da sociedade, da incompreensão das demais pessoas em processo de adiamento do momento de enfrentar a verdade que se lhe encontra ínsita na consciência.
Este é o momento de pedirmos perdão pelos nossos erros, pelos desacertos, pela agressividade, pela violência, pela desonestidade.
Talvez não seja necessário verbalizar o pedido de perdão, mas reconhecer os próprios limites e trabalhar pela reparação dos danos que temos causado, não somente a nós mesmos, senão à humanidade em conjunto.
Devemos assumir a responsabilidade que vimos transferindo para os outros e construirmos novos sentimentos que nos erguerão do caos à plenitude.
Será necessária muita coragem, porém, quanto mais postergarmos a decisão, mais graves serão os enfrentamentos do futuro. Já tentamos a guerra e o ódio, está na hora do amor, iniciando pelo perdão.
Divaldo Franco
Fonte: jornal A Tarde, coluna Opinião, em 25-09-2014