Quão estreita a porta e apertado o caminho que o conduz à vida, e poucos são os que a encontram!
Mateus 7:14
Frequentemente, somos defrontados por aqueles que admiram o amor aos semelhantes e que, sem coragem para cortar as raízes do apego a si próprios, se afeiçoam às atividades do “meio-bem”, continuando envolvidos no movimento do mal.
Emprestam valioso concurso a quem administra, mas requisitam favores e privilégios, suscitando dificuldades.
Financiam tarefas beneficentes, distendendo reais benefícios, no entanto, cobram tributos de gratidão, multiplicando problemas.
Entram em lares sofredores, fazendo-se necessários pelo carinho que demonstram, mas solicitam concessões que ferem, quais rijos golpes.
Oferecem cooperação preciosa, em socorrendo as aflições alheias, no entanto, exigem atenções especiais, criando constrangimentos.
Alimentam necessitados e põem-lhes cargas nos ombros.
Acolhem crianças menos felizes, reservando-lhes o jugo da servidão no abrigo familiar.
Elogiam companheiros para que esses mesmos companheiros lhes erijam um trono.
Protegem amigos diligenciando convertê-los em joguetes e escravos.
Não desconhecemos que todo cultivador espera resultados da lavoura a que se dedica e nem ignoramos que semear e colher conforme a plantação, constituem operações matemáticas no mecanismo da Lei.
Examinamos aqui tão somente a estranha atitude daqueles que não negam a eficácia da abnegação, entregando-se, porém, ao desvairado egoísmo de quem costuma distribuir cinco moedas, no auxílio aos outros, com a intenção de obter cinco mil.
Efetivamente, o mínimo bem vale por luz divina, mas se levado a efeito sem propósitos secundários, como no caso da humilde viúva do Evangelho que se destacou, nos ensinamentos do Cristo por haver cedido de si mesma a singela importância de dois vinténs sem qualquer condição.
Precatemo-nos desse modo, contra o sistema do “meio-bem”, por onde o mal se insinua, envenenando a fonte das boas obras.
Estrada construída pela metade patrocina acidentes.
Víboras penetram em casa, varando brechas.
O bem pede doação total para que se realize no mundo o bem de todos.
É por isso que a Doutrina Espírita nos esclarece que o bem deve ser praticado com absoluto desinteresse e infatigável devotamento, sem que nos seja lícito, em se tratando de nossa pessoa, reclamar bem algum.
Título: Meio-bem
Autor: Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier
Livro: O Evangelho por Emmanuel: Comentários ao Evangelho Segundo Mateus