Lázaro. 
Paris, 1863.

A doutrina de Jesus ensina sempre a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura, muito ativas, embora os homens as confundam erroneamente com a negação do sentimento e da vontade.

A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração.

Ambas são forças ativas, porque levam o fardo das provas que a revolta insensata deixa cair.

O poltrão não pode ser resignado, assim como o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes.

Jesus foi à encarnação dessas virtudes desprezadas pela antiguidade materialista.

Chegou no momento em que a sociedade romana perecia nas fraquezas da corrupção, e vieram fazer brilhar, no seio da humanidade abatida, os triunfos do sacrifício e da renúncia à sensualidade.

Cada época é assim marcada pelo cunho da virtude ou do vício que a devem salvar ou perder.

A virtude da vossa geração é a atividade intelectual, seu vício é a indiferença moral.

Digo somente atividade, porque o gênio se eleva de súbito e descobre de relance os horizontes que a multidão só verá depois dele, enquanto a atividade é a reunião dos esforços de todos, para atingir um alvo menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época.

Submetei-vos ao impulso que vimos dar aos vossos Espíritos. Obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração.

Infeliz do Espírito preguiçoso, daquele que fecha o seu entendimento! Infeliz, porque nós, que somos os guias da humanidade em marcha, o chicotearemos, e forçaremos a sua vontade rebelde, com o duplo esforço do freio e da espora.

Toda resistência orgulhosa deverá ceder, cedo ou tarde. Mas bem-aventurados os que são mansos, porque darão ouvidos dóceis aos ensinamentos.

 

Livro: O Evangelho Segundo O Espiritismo

Obediência e resignação
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