Jesus lhe diz: Não te digo que até sete, mas até setenta [vezes] sete.
Mateus 18:22
Perdão é requisito essencial no erguimento da libertação e da paz.
Habituamo-nos a pensar que Jesus nos teria impulsionado a desculpar “setenta vezes sete vezes” unicamente nos casos de ofensa à dignidade pessoal ou nas ocorrências do delito culposo; entretanto, o apelo do Evangelho nos alcança em áreas muito mais extensas da vida.
Se somarmos as inquietações e sofrimentos que infligimos a nós mesmos por não perdoarmos aos entes amados pelo fato de não serem eles as pessoas que imaginávamos ou desejávamos, surpreenderemos conosco volumosa carga de ressentimentos que nada mais é senão peso morto, a impelir-nos para o fogo inútil do desespero.
Isso ocorre em todas as posições da vida.
Esquecemo-nos de que nenhum ser existe imobilizado, que todos experimentamos alterações no curso do tempo e não revelamos facilmente os amigos que se modificam, sem refletir que também nós estamos a modificar-nos diante deles.
Casamento, companheirismo, equipe, agrupamento e sociedade são instituições nas quais é forçoso que o verbo amar seja conjugado todos os dias.
Na Terra, esposamos alguém e verificamos, muitas vezes, que esse alguém não é a criatura que aguardávamos; entregamo-nos a determinados amigos e observamos que não correspondem ao retrato espiritual que fazíamos deles; ou abraçamos parentes e colegas para a execução de certos empreendimentos e notamos, por fim, que não se harmonizam com nossos planos de trabalho, e passamos a sofrer pela incapacidade de tolerar as condições e realidades que lhes são próprias.
Reflitamos, no entanto, que os outros se alteram à nossa frente, na medida em que nos alteramos para com eles.
Necessário compreender que se todos somos capazes de auxiliar a alguém, ninguém pode mudar ninguém através de atitudes compulsórias, porquanto cada criatura é uma criação original do Criador.
Aceitemos quantos convivam conosco, tais quais são, reconhecendo que, para manter a benção do amor entre nós, não nos compete exigir a sublimação alheia, e sim trabalhar incessantemente e quanto nos seja possível pela sublimação em nós.
Título: Perdão e vida
Autor: Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier
Livro: O Evangelho por Emmanuel: Comentários ao Evangelho Segundo Mateus