Depois de toda uma vida
De labor e sem salário,
A saúde consumida
No sacrifício diário
…
Cansada, a idosa pedia:
– Socorre-me! Dá-me um pão…
-Fora daqui, mão vazia,
Não roubes minha atenção!
…
Já não serves neste lar,
Terei empregada nova,
Não sabes mais trabalhar,
Em breve terás a cova
…
Sem nome dos indigentes!
Nada me peças! Nem leito…
– Senhor! …acaso não sentes
O inverno… O frio que tem feito?
…
– Fora daqui, faladeira!
Se quiser vá repousar
Sob os galhos da roseira
Entre espinhos, eis teu lar!
…
Referia-se, o valente,
À roseira cultivada
Junto ao portão da frente,
Com amor, pela empregada.
…
– Piedade, senhor, trabalho
Desde a infância, noite e dia…
– Sai do jardim, espantalho!…
Estragas minha alegria!
…
Debaixo do roseiral,
Faminta, doente e triste…
Dormira, a serva, afinal,
Bem longe do pão que existe
…
No lar em que fora escrava
Do trabalho sem descanso…
No Além Jesus a esperava
Em doce e calmo remanso.
…
O Mestre deu-lhe a missão
De voltar ao lar antigo
E resgatar o patrão
Que ficara sem abrigo
…
Pois esbanjara o dinheiro,
Nas aventuras do mundo
E sem amor verdadeiro
Tombara em fosso profundo
…
De amargura e solidão.
Estranhos levaram tudo…
Arruinado e sem razão
Vagava trêmulo e mudo
…
Entre as sombras do jardim.
Flores secas, sem perfume,
Tudo ali tivera fim…
Eis que a vida se resume
…
Em colher o que se planta!
Foi pro Além o milionário…
E a fortuna que era tanta
Sequer pagou o cenário
…
De um velório e de uma flor.
Ninguém chorou a partida
Daquele estranho senhor…
Só a presença compassiva
…
Daquela que fora escrava
Cobriu-lhe o corpo de flores
E brandamente falava:
Esquece agora tuas dores,
…
Jesus reclama a presença
De servos para o labor
Que abracem a nova crença,
A luz do Consolador.
…
Por isso vim te buscar,
E levar-te sem demora,
Mais tarde vais reencarnar
Servidor da última hora…
…
Na Doutrina do Salvador,
Nas fileiras com Jesus.
É o remédio para a dor…
Para as sombras, eis a luz!
…
Eu também tive uma vida
De egoísmo e de fartura.
Na pobreza renascida
Compreendi que quem procura
…
No dinheiro a vida mansa
E avilta a bênção do lar,
Quando morre não descansa…
Vai nascer e trabalhar…
…
Depois que paguei a conta
De existências dispendiosas…
No Além achei quase pronta
Minha casinha de rosas.
Título: Casinha de rosas
Médium: Lucimar Mantovani Laidens
Psicografia recebida no Centro Espírita de Caridade Dias da Cruz no dia 28/07/2016